Se você está planejando uma viagem ou mudança para os Estados Unidos, fique atento: as regras para obtenção de vistos e autorizações de imigração acabaram de mudar. Em uma medida anunciada pela Casa Branca nesta semana, o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) passará a considerar posturas consideradas “antiamericanas” como critério para aprovar ou negar solicitações de visto e outros benefícios imigratórios.
A nova política, que já está em vigor, amplia a verificação de redes sociais e atividades públicas de estrangeiros que desejam entrar no país. Mas o que exatamente isso significa para você, viajante ou futuro imigrante? Neste artigo, explicamos as mudanças, seus possíveis impactos e como se preparar para não ter seu sonho americano interrompido.

O que muda com a nova política?
De acordo com o anúncio oficial feito pelo porta-voz do USCIS, Matthew Tragesser, “os benefícios dos Estados Unidos não devem ser concedidos àqueles que desprezam o país e promovem ideologias antiamericanas”. Na prática, isso significa que:
Serão negados vistos e benefícios a quem tiver “endossado, promovido, apoiado ou de outra forma defendido opiniões de organizações ou grupos terroristas, incluindo aqueles que promovam ideologias ou atividades antiamericanas, terrorismo antissemita e organizações terroristas antissemitas”
Agentes de imigração avaliarão publicações em redes sociais, endossos públicos e outras manifestações de estrangeiros que possam ser interpretadas como antiamericanas.
A imigração é tratada como “privilégio, não um direito”, reforçando o rigor na triagem de solicitantes
Verificação ampliada de redes sociais
A Casa Branca destacou que houve uma expansão nos tipos de solicitações de benefícios que passam por verificação nas redes sociais . Isso indica que a análise da presença digital de solicitantes se tornou mais abrangente e provavelmente mais minuciosa.
Impacto no turismo e na economia
Essa não é uma medida isolada. Ela se soma a uma série de políticas de imigração mais restritivas implementadas pelo governo Trump desde o início de seu mandato em janeiro de 2025. Tais medidas, no entanto, vêm gerando preocupação no setor de turismo dos EUA, que é o maior do mundo e contribui com US$ 2,36 trilhões para o PIB do país.
- Queda no fluxo de turistas: Dados recentes mostram que março de 2025 teve 14% menos visitantes estrangeiros nos EUA em comparação com março de 2024.
- Cancelamentos em alta: Christopher Gaffney, professor da Universidade de Nova York, afirma: “Há um sentimento global de que os EUA não são um lugar amigável e acolhedor, e acho que isso tem tudo a ver com o governo atual”.
- Perdas bilionárias: Economistas projetam que a redução no turismo internacional pode subtrair cerca de 0,1% do PIB em 2025, o que equivale a aproximadamente US$ 30 bilhões

Dados sobre visitantes (primeiro bimestre de 2025 vs. 2024)
Abaixo, um panorama dos principais emissores de turistas para os EUA e a variação no fluxo:
País | Participação no Total | Variação (2024 vs. 2025) |
---|---|---|
México | 28% | +15% |
Canadá | 25,9% | -9,8% |
Reino Unido | 5% | +5,4% |
Brasil | 3,3% | +4,4% |
Fonte: BBC
Cidadania por nascimento também sob scrutiny
A política de cidadania por nascimento (jus soli) – que automaticamente concede cidadania a qualquer pessoa nascida em solo americano – também tem sido alvo de mudanças1. Há cinco dias, a Embaixada dos EUA no Brasil publicou um vídeo alertando que “não é permitido viajar ao país com o principal objetivo de dar à luz” para garantir a cidadania americana ao bebê.
Em junho de 2025, a Suprema Corte dos EUA abriu caminho para uma proposta de Trump que visa proibir a cidadania dos EUA a filhos de turistas nascidos no país. Um direito consagrado pela 14ª Emenda da Constituição americana, logo após a Guerra Civil, está, portanto, sob revisão.
O que fazer para não ser afetado?
Se você planeja viajar, imigrar ou até mesmo estudar nos EUA, é crucial entender como essas mudanças podem afetar seus planos. Aqui estão algumas orientações práticas:
1. Revise suas redes sociais
- Assume-se que publicações antigas podem ser analisadas. Avalie críticas ácidas, piadas, ou qualquer conteúdo que possa ser mal interpretado por um agente consular.
- Lembre-se: “antiamericanismo” não está rigidamente definido, então a interpretação pode ser subjetiva
2. Esteja preparado para perguntas
- Durante entrevistas ou controles migratórios, seja honesto e direto. Mentiras ou omissões podem ser consideradas fraude de visto, crime federal que resulta em deportação e proibição de entrada.
- Tenha documentação que comprove suas reais intenções no país (voucher de hotel, passagem de volta, carta-convite, etc.)
3. Consulte um advogado de imigração
- A assistência jurídica especializada é altamente recomendada para navegar esse novo cenário.
- Um advogado pode ajudar a avalar riscos específicos do seu caso, preparar documentação e representá-lo perante as autoridades.
4. Mantenha-se informado
- Políticas de imigração mudam constantemente. Acompanhe sites oficiais como o do USCIS e de repartições consulares brasileiras.
5. Respeite seu visto
- Nunca permaneça além do prazo autorizado nem trabalhe com visto de turista. Violações tornam-no inadmissível no futuro, com proibições de entrada que podem chegar a 10 anos.
Conclusão: Um novo capítulo na relação EUA-mundo
A decisão de considerar “antiamericanismo” na análise de vistos reflete uma mudança significativa na postura dos EUA perante o mundo. Para nós, viajantes, é mais um lembrete de que conhecer as regras e o contexto do destino é tão importante quanto escolher o hotel ou comprar a passagem.
Enquanto aguardamos os desdobramentos dessas políticas – e seu real impacto na prática –, o cuidado com a própria pegada digital e a busca por orientação qualificada parecem ser os melhores conselhos para quem ainda mantém os EUA como destino ideal.
- Observações:
Todas as imagens desta publicação são de Uso autorizado. Não infringindo nenhum direito autoral de imagem.
Destino Ideal
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